9 de out. de 2012

Meus Vizinhos Chimpanzés



Por Theo Sarapo


Segundo teoria do biólogo americano Jared Diamond, autor do livro "O Terceiro Chimpanzé", o que determinou a evolução da espécie humana foi o seu comportamento sexual. Fator ainda mais decisivo que o tamanho de nosso cérebro - que, aliás, é 10% menor do que o do homem de Neandertal. O fato dos humanos copularem privadamente é outra amostra de nosso desenvolvimento. Não no caso de meus vizinhos.


Mesmo não tendo pendor para fetichista, sou condicionado a participar das diversões (não tão) íntimas de meus adjacentes. Um deles põe as crianças para ver TV e cruzam sob as árvores do seu quintal. Outro, copula na lavanderia, tendo a sua fêmea a emitir grunhidos aprendidos de estrelas pornôs, personalidades admiradas pelo macho alfa da casa. Para este, ainda existe um elemento maximizador: o efeito afrodisíaco que a ausência de higiene causa no casal. Neste particular, os amantes encontram eco na História. Napoleão Bonaparte era asseado, no entanto, encontrava estímulo erótico no cheiro do corpo. Em uma de suas campanhas militares, escreveu a sua mulher, Josefina: "Retorno a Paris amanhã. Não se lave".


O finado humorista Bussunda, do Casseta e Planeta, dizia que o sexo era o único lugar que o pobre entrava de graça. Creio que tanta sanha sexual de meus vizinhos dá-se a exatamente a isso: a pura ausência de opções de lazer. Têm o sexo como uma liberação. Igual aos adeptos do Movimento Hippie dos anos 60 e 70 que praticavam o "amor livre" como forma de protesto.


Se as seções de sexo de meus vizinhos incomodam o meu descanso, a vida sexual dos políticos brasileiros esvaziam os nossos bolsos. Recentemente um ex-ministro de Dilma, o decrépito peemedebista Pedro Novais (MA), fora acusado de pagar a conta de R$ 2.156,00 de um motel em São Luís com dinheiro público. Outros já institucionalizaram a sacanagem como patrimônio nacional. O petista Antonio Palocci, enquanto ministro de Luís Inácio Apedeuta da Silva, alugou uma mansão em Brasília para receber empreiteiros e lobistas para escusas negociatas, além de meretrizes para a satisfação destes.


Enquanto peixes graúdos da política nacional arranjam valhacoutos para as suas obscenidades na Capital Federal, barnabés do interior, sem verbas suficientes para tanto, são obrigados a levar a tiracolo seus quebra-galhos de seus currais eleitorais.


Na categoria devassidão, prefiro ficar com meus vizinhos chimpanzés. São barulhentos, mas honestos.