18 de jun. de 2011

Auschwitz

O inferno na terra


Postado por Eduardo Monte Bello

Ainda lembro-me das minhas aulas de catecismo onde foram explicados com detalhes o que era o inferno. Ainda lembro-me também de certas passagens da Bíblia onde esta se refere ao inferno como um lugar onde há “choros e ranger de dentes”, onde as almas condenadas “queimam no fogo eterno”, onde o mau cheiro de enxofre sufoca as almas constantemente.

Essa semana eu visitei uma pequena parte dele localizado na Polônia, na cidade de Oświęcim. Um inferno com um nome que nunca mais devemos esquecer: Auschwitz.


A primeira reação que Auschwitz causou em mim foi a ter consciência que o vocabulário humano é limitado. Não existem adjetivos, não existe uma expressão ou qualquer outra palavra que descreva em sua totalidade os horrores desse campo de concentração.

Estive visitando esse campo na última terça-feira, dia 14. Ao chegar ao local, fui informado que eu estava visitando o campo exatamente no dia de aniversário aonde o primeiro grupo de “presos” chegaram ao complexo. Diversas autoridades políticas mundiais e também sobreviventes e parentes das vítimas estavam presentes para uma cerimônia em memória daqueles que pereceram sob o julgo nazista nesse período.

Caminhando pelo complexo pude entender em sua plenitude aquilo que Bertolt Brecht quis dizer com a expressão “humanidade desumanizada”. Em cada galpão, em cada sala, a história revela um pouco mais o real conceito de “absurdo” para os visitantes.

Ali, é possível ver de tudo. Quase todos os pertences pessoais daqueles que foram trazidos para Auschwitz permanecem expostos no museu. De roupas, óculos e malas às pernas e braços “mecânicos”, dentes de ouro e cabelos. Aliás, sete toneladas de cabelos ainda permanecem no campo, no entanto, uma pilha de duas toneladas destes cabelos é exposta para o público (lembre-se que homens, mulheres e crianças tinham seus cabelos raspados ao chegarem ao campo).


Aparte de todos os lugares visitados no campo e todas as atrocidades presenciadas, nada se compara aos horrores da câmara de gás e do crematório.


Dentre as cinco câmaras existentes apenas uma restou intacta. Ao entrar nela o único sentimento presente é a angústia. Uma profunda angústia que vai tornando-se aguda a cada passo dado dentro da câmara.

A câmara é um grande salão com algumas aberturas no teto onde os soldados lançavam o temido Zyklon B – ácido cianídrico. Essa câmara tinha capacidade para matar 2.000 pessoas por vez, capacidade esta usada ao limite frequentemente pelos nazistas em sua obsessão por exterminar os judeus da face da terra.

Após o uso do Zyklon B, o gás era extraído da câmara e os soldados começavam então a depositar os corpos no crematório, na realidade, uma grande fornalha construída exatamente para esse fim, ou seja, eliminar qualquer vestígio de genocídio em massa nesse complexo.

Ao fim dessa visita, deixei Auschwitz com um sentimento de impotência por não conseguir voltar no tempo e mudar a história. Todavia, esse sentimento apenas alimentou ainda mais em mim o desejo de contribuir para a Democracia, a Liberdade e a consolidação plena dos Direitos Humanos no mundo para que, dessa maneira, esse inferno nunca mais volte a Terra.

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Segue abaixo o link com o filme original – feito a pedido do exército americano – sobre Auschwitz no momento em que as tropas americanas chegaram a esse campo. Devo lembrar a todos que as imagens são extremamente fortes.

http://thefilmarchived.blogspot.com/2010/10/nazi-concentration-camp-footage-1945.html

Para mais fotos, existe um site com um álbum sobre Auschwitz. Segue abaixo o link do site:

http://www1.yadvashem.org/exhibitions/album_auschwitz/index.html