9 de out. de 2012

Basta! A verdade sobre a verdade!


"No Brasil, quem tem ética parece anormal".
Mário Covas

Por Eduardo Monte Bello
“Todavia fica a dúvida, valeu a pena todos estes transtornos, por irrisórios R$ 64,45 reais, quando o retorno foi de R$ 450.000,00 reais?” (citado em: A Folha de Saltinho, “A verdade sobre o dinheiro devolvido aos cofres de Saltinho” – 23/04/2011).
Nesse sábado passado (23/04) me deparei com um artigo publicado em jornais locais de Saltinho onde o mesmo era assinado pelo prefeito da cidade.
No artigo, o prefeito tentou de forma inescrupulosa contornar o incontornável, corrigir o incorrigível e, por fim, fazer que nós aceitássemos aquilo que é inaceitável, ou seja, o desvio de conduta de um político.
Ao ler o artigo me deparei não apenas com um político tentando remediar uma gafe, mas sim, com um ser anacrônico, fora do tempo e do lugar, em total desacordo com os padrões éticos e morais que a atual geração política está buscando incessantemente.
O prefeito e sua equipe tentam transformar o fiasco em conquistas para o município ressaltando promessas de um deputado que ainda não foram cumpridas (se forem cumpridas um dia). Mais do que isso, para solucionar esse “papelão”, sua equipe buscou a mesma saída buscada por Paulo Maluf há alguns anos quando o famoso marqueteiro apreciador de “Briga de Galo”, Sr. Duda Mendonça, cunhou informalmente a expressão “Ele rouba mas faz” para justificar aos paulistanos que, mesmo com seu caráter imoral e antiético, Maluf, ainda sim, seria a solução para os paulistanos que desejam um prefeito “empreendedor de obras”, “engajado com os pobres”, um homem “acima do bem e do mal”. Até aqui alguma semelhança?
Veja a falta mais grave no referido artigo: em nenhum momento, em nenhuma linha sequer, Grilo e os vereadores assumiram o erro e se desculparam junto à população pelo uso irregular do carro da Câmara e do dinheiro público.
Pior que isso, eles afirmam que “não aceitaram a responsabilidade ou assumiram culpa pelo acontecido”, e que por “aquiescência e decoro restituíram a Câmara Municipal”.
A verdade é uma só. Eles foram convidados pelo Promotor Público a assinar um TAC – Termo de Ajuste de Conduta – para que a mesma falta não aconteça mais no futuro, e também, a devolver o dinheiro gasto, ao todo, R$ 257,81. E por que eles acataram tudo o que a Promotoria pediu? A resposta é simples, caso eles não fizessem isso, eles iriam ter que enfrentar todo o rigor da Justiça: processos, condenações, cassações, etc. E por que? Porque a Lei é clara em relação ao uso do dinheiro público e a Justiça é implacável no cumprimento da Lei.
Portanto, o que houve foi um acordo entre a Justiça e os políticos aqui citados, onde estes últimos fizeram tudo aquilo determinado no acordo. Assinaram o TAC, devolveram o dinheiro, enfiaram o rabo entre as pernas e saíram quietinhos, cabisbaixos, imperceptíveis ao olhar alheio, mas não ao olhar da oposição.
Ao final de seu lamentável artigo, Grilo faz um miserável ataque à oposição. Político arcaico com é, oriundo ainda de um período onde militares davam as cartas e calavam vozes contrárias neste país, ele ainda não conseguiu entender que a oposição numa democracia consolidada, é o contrapeso do jogo político. Ela é a parte fiscalizadora e denunciante de atos irregulares, contravenções e excessos cometidos pelo governo.
Por fim, fica a critério do (e)leitor decidir sobre a questão. A quem vocês, (e)leitores, dão o maior crédito? A Tribuna de Piracicaba – um jornal imparcial com mais de quarenta anos de tradição em Piracicaba e região – ou para dois jornais-panfletários-mendicantes onde um dos maiores patrocinadores de ambos (a Folha de Saltinho e o Verdadeiro) é o Supermercado da Família do Prefeito?
Cabe a vocês o julgamento. E cabe a todos nós cidadãos e oposição continuar a ser o contrapeso do governo na democracia.