9 de out. de 2012

Enfim, o fim do apadrinhamento em Saltinho


Postado por Eduardo Monte Bello
O apadrinhamento é um instrumento político arcaico herdado por nós via colonização portuguesa.
Instrumento de favorecimento pessoal, o apadrinhamento serve como uma espécie de atalho para àqueles que procuram ascender aos mais diversos empregos, ocupações e funções sem trilhar por caminhos longos – e muitas vezes tortuosos – para alcançar aquilo que, pelo senso comum, chamamos de “sucesso” ou “conquista”; o fruto triunfante de um trabalho laborioso para alcançar, pelas habilidades individuais, um cargo específico.
Esse tipo de apadrinhamento surgiu em Saltinho juntamente com a ascensão de Grilo e sua equipe ao poder. Grilo apadrinhou muita gente com cargos comissionados; ofereceu ainda, aumento extra de 20% no salário-base, exclusivamente, para alguns parcos funcionários concursados; mas seu grande trunfo ainda estaria por vir: o “milagre da multiplicação dos estagiários”.
Com vistas à consolidação de seu pretenso poderio sobre Saltinho, Grilo lançou mão desse recurso para recrutar jovens da cidade como “estagiários” – especialmente, àqueles com os quais ele estava débito por algum tipo de promessa irrealizável de campanha junto à suas famílias. Outros estagiários foram recrutados de famílias tradicionalmente contrárias ao prefeito numa tentativa de trazer mais votos para o mesmo e, ao mesmo tempo, calar alguns “oposicionistas de fachada”. Por fim, alguns estagiários foram contratados no intuito de “fortalecer laços políticos-partidários”, como no caso da filha do vice-prefeito Amarildo Firmino, que atualmente faz estágio na área de química na prefeitura.
No entanto, a justiça acabou com mais essa farra promovida por Grilo e sua equipe com o dinheiro público saltinhense. No último dia 05 de Maio, o prefeito foi convocado a comparecer junto à promotoria pública para assinar mais um TAC – Termo de Ajuste de Condutas.
Dessa vez, o TAC refere-se à contratação dos estagiários na prefeitura que, segundo uma Lei Municipal (Lei 254/2001), a prefeitura deveria realizar a contratação de estagiários por meio de um Processo Seletivo, onde a mesma deveria dar ampla divulgação na mídia local o que, obviamente, nunca aconteceu.
O desenrolar desse processo só foi possível após o vereador Carlos Borges ter mais um requerimento negado pelos seis vereadores governistas. Na ocasião, o requerimento apenas solicitava informações sobre o modo o qual essas contratações vinham sendo feitas.
Não satisfeito com o resultado na Câmara dos Vereadores, Borges pediu informações como “cidadão comum” diretamente à prefeitura. Dessa vez, as informações foram negadas pelo próprio prefeito.
A partir disso, e como última opção, esse vereador entrou com uma representação no Ministério Público, o qual acatou a mesma e determinou que a prefeitura enviasse as informações solicitadas.
Após uma profunda análise das informações, o Ministério Público determinou que o prefeito assinasse mais esse TAC, obrigando a prefeitura, de agora em diante, seguir a Lei 254/2001 de forma estrita para que todos, e não apenas uma minoria, tenham a mesma oportunidade para estagiar na prefeitura.
Grilo e sua equipe tentam de qualquer maneira criar uma ampla base eleitoral por meio desses apadrinhamentos à custa do dinheiro público. Uma base eleitoral que será “obrigada” a devolver no futuro o favor dado por ele, ou seja, o voto.
Por fim, cabe a nós apenas esperar por mais uma daquelas cínicas e vergonhosas explicações que o prefeito provavelmente dará sobre este caso em seus jornais particulares na próxima semana.