30 de jul. de 2013

"Os brasileiros ainda esperam uma resposta"





Por Gil Castello Branco


Há várias frases anedóticas que expressam a incompetência dos governos. O americano Milton Friedman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 1976, afirmava: “Se o governo administrar o deserto do Saara, em cinco anos faltará areia.” Já o economista Delfim Netto prognosticou: “Se o governo comprar um circo, o anão começará a crescer.”

Nas recentes manifestações sociais as reivindicações foram difusas, mas tiveram como pano de fundo a péssima qualidade dos serviços públicos (saúde, educação, segurança e mobilidade urbana) frente à elevada carga tributária e à corrupção deslavada.

Decorridos quase dois meses do início das mobilizações, poucas foram as respostas efetivas. A presidente Dilma reuniu-se com uma dúzia de ONGs chapas-brancas e empurrou o pepino para o Legislativo, ao propor uma constituinte “inconstitucional” exclusiva sobre a reforma política e, posteriormente, ao sugerir temas óbvios para um plebiscito relâmpago e inviável. Além disso, propôs pactos que não se consumaram.

Nesse contexto, o Mais Médicos gerou mesmo foi mais confusão. Mas, se a intenção for mesmo consultar a sociedade, são várias as perguntas em relação às quais a enorme maioria dos brasileiros gostaria de responder “Sim” ou “Não”.

Apostaria no “Sim” em várias situações como: 
  • Redução para menos da metade dos 39 ministérios. 
  • Corte de 2/3 das 22.417 funções comissionadas de Direção e Assessoramento Superior (DAS). 
  • Férias de somente 30 dias para os membros do Legislativo e do Judiciário, como ocorre com qualquer trabalhador. 
  • Redução da quantidade de deputados federais, estaduais e vereadores. 
  • Votação imediata dos 130 projetos de lei relativos ao combate à corrupção, engavetados há anos no Congresso Nacional. 
  • Redução para 1/3 dos gastos com publicidade na União, estados e municípios. 
  • Julgamento imediato dos mensalões (PT, PSDB e DEM) e dos processos que envolvem parlamentares, a começar pelo do presidente do Senado. 
  • Proibição do uso de recursos públicos ou de isenções fiscais para bancar aquelas propagandas partidárias, repetidas, irritantemente, nos horários nobres. 
  • Fim dos suplentes de senadores sem votos. 
  • Maioridade penal aos 16 anos, para exterminar o “sou di menor”. 
  • Proibição para que parlamentares condenados pelo Supremo Tribunal Federal continuem legislando, a seu favor ou contra aqueles que os condenaram. 
  • Fim do voto secreto no Congresso. 
  • Ampliação da Ficha Limpa para todas as instâncias e Poderes. 
  • Fim do imposto sindical obrigatório que retira compulsoriamente do trabalhador o valor correspondente a um dia de trabalho por ano em prol de sindicatos (alguns fictícios), militantes e dirigentes com fortunas amealhadas sabe-se lá como. 

Esse plebiscito do bem daria um livro.

Por outro lado, creio que surgiria um “Não” sonoro às propostas que implicam em dar mais poder e dinheiro aos caciques políticos. Dessa forma, parecem mínimas as chances de os brasileiros concordarem em votar em uma “lista fechada” de candidatos definida pelos “proprietários” dos partidos, bem como de aprovarem o financiamento público exclusivo das caríssimas campanhas eleitorais, à custa dos impostos pagos. Neste ano, mesmo sem eleições, os partidos políticos irão receber do orçamento da União (via Fundo Partidário) R$ 294,2 milhões, além dos R$ 300 milhões das isenções fiscais concedidas aos veículos de comunicação pelas inserções políticas publicitárias.

Plebiscito à parte, prova da surdez dos parlamentares está no fato de terem saído de “recesso” sem votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias, contrariando a própria Constituição. Justificam a “gazeta” argumentando que as Casas estão funcionando, apenas sem as votações.

A “mentirinha” faz lembrar o historiador Capistrano de Abreu, que imaginava como artigo principal da Constituição Federal o dispositivo: “Todo brasileiro deve ter vergonha na cara.” Ao contrário, alguns dos nossos deputados e senadores devem lustrar os rostos com óleo de peroba. Tomara que não o façam com a verba indenizatória...

Enfim, como as autoridades — por incompetência ou conveniência — continuam fazendo vista grossa às reais demandas da sociedade, os protestos tendem a continuar. A queda abrupta da popularidade da presidente Dilma e da maioria dos governadores é reflexo natural da insatisfação coletiva.

O que os governantes e marqueteiros não percebem é que o anão do circo cresceu e que as manifestações não morrerão na praia ou no deserto de providências concretas que atendam, de fato, os anseios de milhões de brasileiros.



Gil Castello Branco é economista e fundador da organização não governamental Associação Contas Abertas.

29 de jul. de 2013

A revolta dos R$ 0,20 - um mês depois. - Parte 1


Por Eduardo Montebello

Passado um pouco mais de um mês desde o início daquilo que popularmente foi batizado como a revolta dos vinte centavos, hoje já é possível analisar melhor as causas, consequências e contradições da revolta.

É evidente que a revolta não foi apenas por vinte centavos referentes ao aumento da passagem na cidade de São Paulo, ela só foi o estopim de movimento muito maior que estava sendo gestado aos poucos por anos de políticas públicas incapazes de solucionar problemas básicos da população do país. Lembrem-se que o estopim da Revolução Francesa foi o aumento no preço do pão.

O fato dos governos nas três esferas não conseguirem solucionas as mazelas mais básicas do país como o acesso a educação e saúde de qualidade, a gestão de uma segurança pública eficaz, assim como, não oferecerem transporte público, rodovias e outras infraestruturas básicas com uma qualidade mínima desejável, transformou o inconformismo brasileiro em revolta que converge sobre os políticos e as instituições políticas do país.

O fato é que o brasileiro entendeu que o Estado se transformou em um monstro que suga grande parte do rendimento do trabalhador via impostos e não devolve essa “soma de dinheiro legalmente confiscada” em serviços públicos de alto nível.

O brasileiro entendeu que possuímos um sistema político arcaico, ineficaz, falido e extremamente oneroso. Um sistema que beneficia apenas a própria classe política e os funcionários públicos concursados em sua imensidão de benefícios os quais os trabalhadores do setor privado jamais poderão ter acesso.

Somado a isso temos a classe política mais onerosa do mundo. Uma classe com super-salários sustentados pelos impostos do povo. Uma classe de políticos que em sua maioria são ardilosos, corruptos e buscam apenas a ascensão política visando vantagens pessoais e a sustentação da situação atual a qual favorece a eles.

Essa classe política ainda tem um agravante. Essa geração que está no poder nos últimos 20 anos implantou a cultura da impunidade. Sendo eles os criadores das leis, eles criam leis que os favorecem e com isso ficam impunes de crimes contra o patrimônio público, ou seja, roubam, e não são presos. Cometem atos ilegais, e não são punidos. Essa é a imagem da famosa pizza à brasileira.

Por fim, o escândalo das vultosas obras da Copa do Mundo foi a faísca que faltava para a explosão dessa convulsão popular.

Esgotados por essa situação e massacrados economicamente por um Estado que exige cada vez mais impostos e devolve cada vez menos serviços públicos, o brasileiro cansou e foi para as ruas para exigir mudanças.

As consequências dessa revolta será exposta em nosso próximo texto.

(Fim da Parte 1)

19 de jul. de 2013

TEM MÉDICOS SOBRANDO OU FALTANDO?




Por Leandro Pereira Ribeiro


 Nesses últimos dias o que mais se fala na televisão é sobre a contratação de mais médicos. O governo anunciou que vai contratar 6 mil médicos cubanos para prestação de saúde publica nas cidades do interior do País juntamente com a contratação de médicos de outro países.

A Organização Mundial de Saúde recomenda um médico para cada mil habitantes, no Brasil, segundo pesquisas da própria OMS, essa média é quase o dobro, mas mesmo assim faltam médicos, principalmente no interior. Pensei comigo, mas por que há tanta falta de médicos? Pois no Brasil as ofertas de salários são ótimas, com direito até a regalias como auxílio moradia.

O Conselho Federal de Medicina diz que os médicos estão concentrados em grandes centros, e argumenta que o problema não é a quantidade e sim a distribuição dos médicos. O CFM criticou a medida estabelecida pelo governo, e vai recorrer a justiça do que chamou de “entrada irresponsável de médicos no Brasil”. O Conselho tem razão para rejeitar essa contratação, pois eles defendem o mercado da medicina para os médicos brasileiros. Mas percebemos que isso não e questão de problema de mercado e sim caso de vida ou morte.

Os “nossos doutores” que estudaram em faculdades elitistas e de boa pinta, não querem trabalhar nas cidades do interior, e muito menos em periferias das capitais. Eles podem até ter suas razões como a falta de equipamentos, a falta de segurança, falta de valorização e as faltam de condições de trabalho; mas para a população que depende do Sistema Único de Saúde - onde já falta tanto - não pode faltar médicos.

O Governo defende a MP dos médicos, afinal como dizem os bons críticos essa pode ser a “tábua de salvação” da popularidade de presidenta Dilma Rousseff. O Governo Federal admite a falta de médicos, por isso a presidente Dilma quer validar diplomas de estrangeiros para sanar a carência dos profissionais nas cidades pobres e distantes.

Mas como disse no começo desse texto há muitos médicos no Brasil, mais do que a média, mas onde eles se escondem?

Outra questão que queiro deixar claro:  para que popularizar a profissão? Se aumentar a oferta, cai à demanda, e com ela vêm os altos salários dos doutores afortunados (médicos que de tão raros vivem como deuses do Olímpo de fama e dinheiro, de onde só descem para atender os Milionários endinheirados).

O Governo diz que faltam médicos, o CFM diz que não. Logo, uma MENTIRA do  CFM DESMASCARADA pela Organização Mundial de Saúde, onde esta afirma que para cada mil habitantes no Brasil há pelo MENOS 2 médicos, no entanto, eles estão concentrados em grandes centros urbanos. Agora imagina no Nordeste e no Norte onde há pelo menos um médico para cada mil habitantes.

Agora vamos fazer as contas TEM MÉDICOS SOBRANDO OU FALTANDO?

É claro que só a contratação de mais médicos NÃO vai SALVAR A SAÚDE DO BRASIL,  ninguém é ingênuo de acreditar nisso. Além de médicos, FALTAM HOSPITAIS, PRONTO-SOCORROS, FALTAM LEITOS, FALTA MATERIAL, FALTA GESTÃO HOSPITALAR.

Trazer mais médicos não será o fim de todos esses problemas, mas pode ser o começo de uma solução.

Abraços a Todos!




11 de jul. de 2013

As diferenças: a rapaziada é #, a pelegada é $

Caros amigos, me deparei hoje com essa postagem no Blog do Josias.

Achei tão clara a explicação que tive que compartilhar aqui no blog.
Dedico essa postagem a  todos os velhos e conhecidos pelegos que correm o serviço público de Saltinho.
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As diferenças: a rapaziada é #, a pelegada é $
Por Josias de Souza
Excluídas das passeatas de junho, as centrais sindicais e seus penduricalhos (UNE, MST, PT, PCdoB, PDT e etcétera) organizaram o seu próprio ‘Dia Nacional de Luta’. Isso foi ótimo. Ajudou a explicar por que a rapaziada refugou a ‘solidariedade’ da pelegada partidário-sindical. São muitas as diferenças entre os dois movimentos. A principal delas é a forma como os dois grupos se relacionam com os cofres públicos. Um entra com o bolso. Outro usufrui. Vai abaixo uma tentativa de distinguir o novo do antigo:
A rapaziada é #. A pelegada é $.
A rapaziada é o bolso. A pelegada é imposto sindical.
A rapaziada é coxinha. A pelegada é pastel-de-vento.
A rapaziada é sacolejo. A pelegada é tremelique.
A rapaziada é YouTube. A pelegada é videoteipe.
A rapaziada é Facebook. A pelegada é assembléia.
A rapaziada é máscara de vingador. A pelegada é cara de pau.
A rapaziada é viral. A pelegada é bactéria.
A rapaziada é chapa quente. A pelegada é chapa branca.
A rapaziada é sociedade civil. A pelegada é sociedade organizada.
A rapaziada é banco de praça. A pelegada é BNDES.
A rapaziada é a corrida. A pelegada é o taxímetro.
A rapaziada é asfalto. A pelegada é carro de som.
A rapaziada é horizonte. A pelegada é labirinto.
A rapaziada é fumaça. A pelegada é cheiro de queimado.
A rapaziada é explosão. A pelegada é flatulência.
A rapaziada é o público. A pelegada é a coisa pública.
A rapaziada é combustão espontânea. A pelegada é ignição eletrônica.
A rapaziada é luz no fim do túnel. A pelegada é beco sem saída.
A rapaziada é pressão popular. A pelegada é lobby.
A rapaziada é farinha pouca. A pelegada é meu pirão primeiro.
A rapaziada é terra em transe. A pelegada é cinema novo-velho.
A rapaziada é o desejo de futuro. A pelegada é o destino-pastelão.
A rapaziada é namoro. A pelegada é tédio conjugal.
A rapaziada é grito. A pelegada é resmungo.
A rapaziada é algaravia. A pelegada é palavra de ordem.
A rapaziada é poesia. A pelegada é pedra no caminho.
A rapaziada é dúvida. A pelegada é óbvio ululante.
A rapaziada é Fora Renan. A pelegada é o bigode do Sarney.
A rapaziada é abaixo a corrupção. A pelegada é a perspectiva de inquérito.
A rapaziada é mistério. A pelegada é indício.
A rapaziada é a alma do negócio. A pelegada é o segredo.
A rapaziada é novidade. A pelegada é o mesmo.
A rapaziada é anormalidade. A pelegada é vida normal.
A rapaziada é impessoal. A pelegada é departamento de pessoal.
A rapaziada é decifra-me. A pelegada é devoro-te.