9 de out. de 2012

Don't Cry for Me, Saltinho


por Theo Sarapo
Fico comovido toda vez que abro o nosso respeitável e independente jornal local e vejo demonstrações públicas de afeto entre o primeiro casal da cidade. Emociono-me ao contemplar Grilo, enternecido e humilde a buscar recursos para a realização de projetos de autoria de sua companheira. Fico igualmente tocado ao assistir o fervor que Lurdes defende o marido em reuniões camarárias. Cantemos todos: "Don't cry for me, Saltinho".
Quem disse que não estamos vivendo um momento histórico? Quem disse que o antigo peronismo não sobrevive em terras tupiniquins, mais precisamente em nosso Torrão? Pois basta observarmos. Eva ou Evita Perón era uma atriz que se tornou primeira-dama quando seu marido, o general Juan Domingo Perón fora eleito presidente da Argentina no ano de 1946. Perón era admirador do fascismo e dava abrigo a nazistas foragidos. O fascismo era um regime imposto por Benito Mussolini na Itália em 1922. Utilizava-se da força para impor a sua política e supressão violenta da oposição. Alguma semelhança até aí? Adiante
Evita Perón era a figura chave de uma política ancorada na demagogia e no populismo. A primeira dama portenha era tida como a mãe de todos os descamisados. E muitos argentinos até hoje a tem como santa. No entanto, valia-se de sua beleza e do seu carisma sexual para influenciar vários homens em postos estratégicos para a manutenção do regime do marido. Excetuando-se a beleza e o carisma sexual, mais alguma semelhança aí?
Bem, apesar da aparente santidade, Evita mandava castrar líderes rebeldes contrários ao governo do esposo e cúmplice, cujos testículos decepados permaneciam conservados em recipientes de vidro sobre sua escrivaninha. Chegaremos a este ponto?
Vivendo nestes tristes dias da política municipal, resta-nos o consolo de cantarmos todos juntos: "No llores por mi, Saltinho".