13 de jan. de 2011

Eu vi o futuro, e ele não pertence ao álcool


Postado por Eduardo Monte Bello

Caminhando mundo a fora e conhecendo algumas das novidades e tendências que vão modelar nossa sociedade nos próximos anos, eu tive a oportunidade de participar de um fórum sobre energias renováveis na renomada “Escola de Londres de Economia e Ciências Políticas”.

Entre os diversos debates e apresentações que assisti, o que ficou claro para mim, foi a convergência dos vários palestrantes sobre a mesma questão: a exigência de investimentos maciços na busca de novas formas de energia renováveis e o estimulo ao automóvel movido a eletricidade.

Ao refletir na questão sobre automóveis movidos à eletricidade, cheguei à conclusão que a questão não é apenas ambiental como aqueles palestrantes estavam apresentando a todos nós, mas a questão fundamental é geopolítica.

O fato é que nem os europeus e muito menos os americanos vão cometer pela segunda vez um erro grosseiro como este, ou seja, dar de mão-beijada a algum país a soberania de uma matriz energética tão vital como a que move nossos automóveis.

Desta vez, aprendendo com as lições do passado, eles não vão criar autocracias superpoderosas que financiam ataques contra os países do oeste, como fizeram ao escolher o petróleo e, por consequência, enriquecer um pequeno número de países instáveis politicamente como são muitos dos países árabes. Mesmo o Brasil sendo um país democraticamente estável, não quer dizer que eles aparecerão em nosso país e cantar conosco as benesses do álcool.

Por isso, peca aquele que vê o álcool como um combustível do futuro. Como combustível, o que se pode ver nas discussões, foi que o álcool nada mais é do que um combustível passageiro. Um intermediário em uma fase de transição da gasolina para outros combustíveis, como a eletricidade e o hidrogênio.

Ambas essas novas matrizes energéticas podem ser produzidas pelos maiores consumidores de energia do mundo (europeus e americanos). Com isso, esses países estão procurando se distanciar e enfraquecer os países produtores de petróleo e ao mesmo tempo conquistar a tão sonhada independência energética.

Cabe a nós brasileiros repensarmos nossos investimentos no setor sucro-alcooleiro. Não sou nenhum ativista contra a produção de cana-de-açúcar. O que me preocupa é uma nova “quebra do café” como aconteceu a mais de um século e colocou todo nosso estado em uma profunda depressão econômica oriunda de uma economia voltada essencialmente para esse produto.

Outro ponto importante a ser discutido é o “timing” da mudança da nossa matriz energética. Estamos profundamente atrelados ao álcool. No entanto, com os demais países optando por energias mais limpas e renováveis de forma menos agressiva ao ambiente, qual será a nossa posição? Vamos optar também por uma mudança e usar carros apenas a energia? O que falará mais alto no Brasil nos próximos anos? A busca por uma qualidade ambiental ou a imposição da grande cooporação sucro-alcooleira brasileira? Façam suas apostas!