Postado por Theo Sarapo
Grilo. O Homem do Ano. Os saltinhenses sempre tiveram pouco acesso à informação. Diminuiu. A gente sempre teve quase nada de liberdade de expressão. Cerceou-se de vez. Sempre tivemos um embrutecimento institucional e intelectual. Piorou.
Siga Grilo, com cautela. Acompanhe o que fez o nosso Homem do Ano em 2010. Passo a passo. De janeiro a dezembro. De intriga em intriga. De foto factóide a foto factóide. De patacoada a patacoada. De parlapatice a parlapatice.
Grilo, em suas aparições publicas, sempre tentou passar a imagem de pai dos pobres, ao mesmo tempo de empresário bem sucedido preocupado com o social. Invariavelmente utilizando a cidade de Saltinho como acessório para sua autopromoção. Repare em suas falas na rádio comunitária local. Note suas poses de super homem nas fotos de seu jornal particular. Perceba sua afetação nas missas e eventos. Sua falsa delicadeza. Seu ódio interior. Seus tiques nervosos.
Eu estava tentando eleger uma imagem que sintetizasse bem a política municipal no ano de 2010. Pensei em vereadores de bermuda, acima do peso, entregando medalhas para equipes de futebol nas manhãs de domingo. Pensei nos mesmos vereadores assinando suas pseudo-colunas no jornal, com todos os seus erros de semântica, gramática, concordância e grafia. Pensei neles posando à margem de uma estrada rural recoberta de cascalho ou de uma boca de lobo recém desentupida, com ares de altruísmo, agradecendo sabujos ao prefeito municipal por “atender a uma antiga reivindicação”. Finalmente, pensei em Grilo, de chapéu, a bordo de uma charrete, a prestigiar cavaleiros suarentos bebedores de cachaça e espancadores de animais. Pensei em Grilo recebendo “eminentes” personagens em sua sala a discutir o sexo dos anjos. Pensei em Grilo e em Amarildo utilizando um aparelho de ginástica para idosos de uma praça local. Pensei em todas as suas fotos publicadas em seu jornal de estimação ao decorrer do ano. Entretanto, uma imagem que sintetiza bem a política municipal no ano de 2010 não saiu no jornal. A imagem em questão é a de nosso prefeito, com um microfone em punho, rancoroso, a chamar seus opositores de “ratos de esgoto”, dirigindo-se a uma platéia formada majoritariamente por crianças e adolescentes. Eis uma imagem emblemática. Enfim, Grilo flagrado em um ato falho, apresentando-se como ele realmente é.
2010 acabou. O que vai sobrar deste ano, felizmente, não é a canalha política municipal, e sim, a história pessoal de cada um de nós. Como disse Voltaire, o que é preciso é cultivar nosso jardim.
