23 de dez. de 2010

Grilo, o Flautista de Hamelin do Calcanhar Rachado




postado por Theo Sarapo


          Duvido que Grilo conheça o conto folclórico do “Flautista de Hamelin”. Duvido que Grilo conheça qualquer outro conto folclórico. Aliás, as únicas manifestações folclóricas mitológicas conhecidas por Grilo é a mula-sem-cabeça, o boitatá, o Saci-Pererê e o político honesto. 

      Grilo voltou a distribuir suas batatadas em um discurso improvisado na cerimônia de distribuição de certificados das chamadas oficinas municipais. Para a perplexidade de uma platéia formada por pais e alunos, na sua grande maioria crianças, Grilo chamou seus opositores de ratos de esgoto. Afirmou ainda que ratos sujos de esgoto precisam ser exterminados. De extermínio, ele entende muito bem. Quem são os opositores de Grilo? Vereadores contrários? Não. Como ele próprio citou na virulenta discurseira, os seus opositores são aqueles que “falam mal” de sua nobre pessoa pela Internet.

      Grilo quer fazer uma desratização urgente na cidade de Saltinho. Nosso finório prefeito continua não admitindo opiniões adversas. Grilo quer eliminar os “ratos sujos de esgoto” de uma maneira eficaz. O alcaide saltinhense anseia se transformar em uma versão farsesca do Flautista de Hamelin. Um Flautista de Hamelin do calcanhar rachado.
      Relembremos a história: no ano de 1.284, a cidade alemã de Hamelin estava sofrendo com uma grande infestação de ratos, e certa feita, surgia naquelas paragens, um homem que reivindicava ser um exímio caçador de ratos, dizendo ter a solução para o problema. Contratado pelo povo local para fazer o serviço, o caçador inicia seu trabalho de uma maneira absolutamente insólita. Tocando uma flauta, o homem hipnotizava os roedores os quais seguiam o som da música, encontrando o seu fim, sendo afogados no Rio Weser. A população deixa de fazer o combinado, não pagando o flautista pelos seus serviços. Como represália, o caçador retorna à cidade semanas mais tarde. Desta vez, hipnotizando crianças ao som de sua flauta, aprisionando-as em uma caverna. E foi isso que se sucedeu há muitos, muitos anos, na deserta e vazia cidade de Hamelin, onde, por mais que se procure nunca se encontra nem um rato, nem uma criança.
      Diferentemente do Flautista de Hamelin, o Flautista de Hamelin do calcanhar rachado tomou o caminho inverso de seu análogo alemão. Iniciou o seu projeto de extermínio, vingando-se às custas das pobres crianças alunas das oficinas municipais. Grilo com sua flauta cheia de rancor, usou uma simples cerimônia de entrega de certificados para crianças e jovens num palanque para destilar seu ódio e sua intolerância contra opositores imaginários.

Resta saber o que o nosso prefeito reserva para os “ratos sujos de esgoto”.