Por Eduardo Montebello
Passado
um pouco mais de um mês desde o início daquilo que popularmente foi batizado
como a revolta dos vinte centavos, hoje já é possível analisar melhor as
causas, consequências e contradições da revolta.
É
evidente que a revolta não foi apenas por vinte centavos referentes ao aumento
da passagem na cidade de São Paulo, ela só foi o estopim de movimento muito
maior que estava sendo gestado aos poucos por anos de políticas públicas
incapazes de solucionar problemas básicos da população do país. Lembrem-se que
o estopim da Revolução Francesa foi o aumento no preço do pão.
O
fato dos governos nas três esferas não conseguirem solucionas as mazelas mais
básicas do país como o acesso a educação e saúde de qualidade, a gestão de uma
segurança pública eficaz, assim como, não oferecerem transporte público,
rodovias e outras infraestruturas básicas com uma qualidade mínima desejável,
transformou o inconformismo brasileiro em revolta que converge sobre os
políticos e as instituições políticas do país.
O
fato é que o brasileiro entendeu que o Estado se transformou em um
monstro que suga grande parte do rendimento do trabalhador via impostos e não
devolve essa “soma de dinheiro legalmente confiscada” em serviços públicos de
alto nível.
O
brasileiro entendeu que possuímos um sistema político arcaico, ineficaz, falido
e extremamente oneroso. Um sistema que beneficia apenas a própria classe
política e os funcionários públicos concursados em sua imensidão de benefícios os
quais os trabalhadores do setor privado jamais poderão ter acesso.
Somado
a isso temos a classe política mais onerosa do mundo. Uma classe com
super-salários sustentados pelos impostos do povo. Uma classe de políticos que
em sua maioria são ardilosos, corruptos e buscam apenas a ascensão política
visando vantagens pessoais e a sustentação da situação atual a qual favorece a
eles.
Essa
classe política ainda tem um agravante. Essa geração que está no poder nos últimos
20 anos implantou a cultura da impunidade. Sendo eles os criadores das leis,
eles criam leis que os favorecem e com isso ficam impunes de crimes contra o
patrimônio público, ou seja, roubam, e não são presos. Cometem atos ilegais, e não são punidos. Essa é a imagem da famosa pizza à brasileira.
Por
fim, o escândalo das vultosas obras da Copa do Mundo foi a faísca que faltava
para a explosão dessa convulsão popular.
Esgotados
por essa situação e massacrados economicamente por um Estado que exige cada vez
mais impostos e devolve cada vez menos serviços públicos, o brasileiro cansou e
foi para as ruas para exigir mudanças.
As
consequências dessa revolta será exposta em nosso próximo texto.
(Fim
da Parte 1)