29 de jul. de 2013

A revolta dos R$ 0,20 - um mês depois. - Parte 1


Por Eduardo Montebello

Passado um pouco mais de um mês desde o início daquilo que popularmente foi batizado como a revolta dos vinte centavos, hoje já é possível analisar melhor as causas, consequências e contradições da revolta.

É evidente que a revolta não foi apenas por vinte centavos referentes ao aumento da passagem na cidade de São Paulo, ela só foi o estopim de movimento muito maior que estava sendo gestado aos poucos por anos de políticas públicas incapazes de solucionar problemas básicos da população do país. Lembrem-se que o estopim da Revolução Francesa foi o aumento no preço do pão.

O fato dos governos nas três esferas não conseguirem solucionas as mazelas mais básicas do país como o acesso a educação e saúde de qualidade, a gestão de uma segurança pública eficaz, assim como, não oferecerem transporte público, rodovias e outras infraestruturas básicas com uma qualidade mínima desejável, transformou o inconformismo brasileiro em revolta que converge sobre os políticos e as instituições políticas do país.

O fato é que o brasileiro entendeu que o Estado se transformou em um monstro que suga grande parte do rendimento do trabalhador via impostos e não devolve essa “soma de dinheiro legalmente confiscada” em serviços públicos de alto nível.

O brasileiro entendeu que possuímos um sistema político arcaico, ineficaz, falido e extremamente oneroso. Um sistema que beneficia apenas a própria classe política e os funcionários públicos concursados em sua imensidão de benefícios os quais os trabalhadores do setor privado jamais poderão ter acesso.

Somado a isso temos a classe política mais onerosa do mundo. Uma classe com super-salários sustentados pelos impostos do povo. Uma classe de políticos que em sua maioria são ardilosos, corruptos e buscam apenas a ascensão política visando vantagens pessoais e a sustentação da situação atual a qual favorece a eles.

Essa classe política ainda tem um agravante. Essa geração que está no poder nos últimos 20 anos implantou a cultura da impunidade. Sendo eles os criadores das leis, eles criam leis que os favorecem e com isso ficam impunes de crimes contra o patrimônio público, ou seja, roubam, e não são presos. Cometem atos ilegais, e não são punidos. Essa é a imagem da famosa pizza à brasileira.

Por fim, o escândalo das vultosas obras da Copa do Mundo foi a faísca que faltava para a explosão dessa convulsão popular.

Esgotados por essa situação e massacrados economicamente por um Estado que exige cada vez mais impostos e devolve cada vez menos serviços públicos, o brasileiro cansou e foi para as ruas para exigir mudanças.

As consequências dessa revolta será exposta em nosso próximo texto.

(Fim da Parte 1)