Por Carlos Borges
Sem
entrar aqui no mérito da má qualidade técnica de redação da matéria veiculada
na Folha de Saltinho sob o título:
“Prefeitura de Saltinho investe na qualidade da água”, queremos tecer
alguns comentários sobre os fatos nela narrados.
O
primeiro fato, é o esforço agonizante que a prefeitura faz para tentar amenizar
as críticas sobre a qualidade da água tratada distribuída aos munícipes nos
últimos meses.
Mais
que uma súplica, e longe de ser uma matéria jornalística, o texto é como
um pedido de desculpas à população e uma
confissão velada de que a água realmente carecia de uma atenção especial.
Foram
meses após meses de água turva, suja, oleosa, barrenta, com fortes odores, e
tudo isso sem uma uma única explicação convincente do real fato da situação. E o pior, o mal cheiro ainda persiste na água.
O
segundo fato, é a hipocrisia de que não se fez carnaval para se investir em
saúde como se a população fosse cega em não enxergar que um fato não justifica
o outro.
Poderíamos
sim ter carnaval e isso não implicaria em não ter saúde, uma vez que o
orçamento votado pela Câmara no ano passado contemplava verbas para ambas as
áreas em suas devidas proporções. Oportuno esclarecer aqui que água é
saneamento básico e não saúde: os recursos para essas áreas são distintos.
O
terceiro e mais importante fato, e não mencionado na matéria, é o de que há hoje no Ministério Público do
Meio Ambiente um Inquérito para apurar as reais causas da má qualidade da água
em Saltinho.
O
Ministério Público, em seu último despacho, solicitou à GVS – Vigilância do
Estado de São Paulo uma análise completa do sistema de tratamento de água de
Saltinho com consequente avaliação da qualidade de potabilidade da água para
consumo humano.
Por último, a “matéria” induz o leitor
a crer que agora o município está seguro com a análise da água pelo aparelho
adquirido que mede o PH e Cloro citando como base a Portaria 2914/11 do
Ministério da Saúde.
Ledo
engano, pois a referida portaria menciona que a análise completa da água
contempla dezenas de outros elementos, só para citar alguns, flúor, turbidez,
cor, Ph, coliformes totais, etc e deve
ser analisada desde a origem até os pontos de consumo.
Portanto,
cabe ficarmos ainda mais atentos quanto à qualidade da água tratada em Saltinho
e aguardar o final do Inquérito Civil do Ministério Público onde a prefeitura
ainda tem que responder pela falta de outorga do Poço Artesiano, operando
irregularmente, e a comprovação àquele
órgão dos padrões de potabilidade da água com base na Portaria 2914/11 do
Ministério da Saúde.